A triste história de um fã de Albertina Sampaio (capítulo 1)

Tweetar

Verão de 1955. Mais exatamente 22 de fevereiro

Dagoberto Menezes esperava ansiosamente que sua TV a válvula esquentasse logo para que ele pudesse acompanhar o próximo eletrizante capítulo de "Beto Rockfeller", a sua novela das 6. Televisão era artigo de luxo em Jacinto Machado, SC, cidade do pequeno Dagô. O eletro-eletrônico - presente do aniversário de 12 anos de Dagô - havia sido trazido por seu pai um mês atrás, depois que o sr. Reginaldo (o pai) foi a São Paulo para uma reunião de negócios (mais especificamente para discutir a crise da safra de batatas Yakon na Indonésia).

Pois bem, voltando ao pequeno Dagô.. Enquanto aguardava a TV aquecer, para, posteriormente assistir a mais um eletrizante capítulo de "Beto Rockfeller" (já falei isso?), novela protagonizada pela "ídala" maior de Dagô, a musa Albertina Sampaio*, ele decidiu ir até a cozinha tomar um copo de leite Tirol* tipo C de saquinho, que havia custado uma pataca na venda do seu Jacinto. Graças a uma inesperada artimanha do destino, Dagoberto chegou à cozinha justamente no mesmíssimo momento em que Rudinei, seu amiguinho, batia à porta. Dagô, como menino educado, distinto, requintado, refinado e asmático que sempre fora, correu para atender a porta:
- Fala, mano D! (D de Dagoberto, ok?!)
- Daí, Rud! Qualé a treta??
- Pô, falando em treta, até me lembrei daquela música do Supla "filhos da puta, comedores de carniça, já deram minha sentença e eu nem tava na TRETA!"
- ...
- Não.. tá ligado, Dagô.. o Baiano descobriu uma cachoeira lá no meio da floresta. Vamo lá tomá um banhão?
- Que coisa mais pederasta! um bando de macho indo tomar banho na cachoeira.. Maaas.. tá fechado!
- Iissaaaa! É só avisar a galera. Vai eu, tu, o Baiano, o Cabeça, o Speed, o Zé Calanga, o Jiraya, o Torto e o Motumbo.

E lá foi (modo Narrador da Sessão da Tarde ON) aquela turminha da pesada para arrumar altas confusões num floresta cheia de perigos alucinantes (modo Narrador da Sessão da Tarde OFF).
Ops, ainda não. Antes eles decidiram bater aquele rango na casa do Dagoberto, já que ele era o preibói da turma. Era o único que comia Negresco e tomava suco Del Valle. Aí a cambada de maloqueiro não perdoava.

Pois bem, durante a refeição começou o drama do nosso herói Dagô (para quem não percebeu, Dagô é um apelido carinhoso para o Dagoberto). Enquanto, portando uma faca Ginsu 2000, passava margarina Qualy sabor azeite de oliva no seu pão Wickbold sete grãos com trigo e cevada, Dagoberto foi bruscamente atingido por Motumbo (não preciso descrever de que jeito ele foi atingido, né?). Continuando.. o choque foi tão forte, súbito e repentino que Dagô, sem querer, atingiu sem intenção seu olho esquerdo com a faca Ginsu 2000, ficando cego do olho esquerdo.
A comoção foi total. José Sarney quase decretou luto oficial de 3 dias e a Guerra Fria esteve próxima do fim naquele dia. Mas Dagô não abateu-se e decidiu progredir com a aventura na floresta.


(continua.. não sei se agora ou mais tarde)


* do vasto currículo da musa Albertina Sampaio podemos citar sua participação em diversas propagandas (KY, Jontex, Óleo Coamo, Mortadela Clubinho, Doce de Banana em Pasta Áurea, etc.) e seus dezessete casamentos (alguns de seus maridos: Russo, Reginaldo Rossi, Lombardi, Emílio Zurita, Diogo Mainardi, Roberto Jéfferson, etc.);

* o leite em questão não continha quaisquer traços de água oxigenada, acetona, soda cáustica, ácido sulfúrico, arsênico, chumbo em pó ou afins;

* não foi recebida uma pataca sequer por essa enxurrada de jabá.