Capangas também têm sentimentos

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Sempre choro em filmes do Steven Seagal, do Stallone, do Vin Diesel e do Jason Statham. De maneira triste, emociono-me ao observar, nestes filmes, a condição deplorável do ser humano contemporâneo.

Olhem os filmes de Steven Seagal. Em todas as 132 películas estreladas pelo ator - de técnica ímpar para interpretação, devo admitir -, a história foi a mesma: um chefão do crime matou o filho de Seagal e nosso herói jurou vingança a qualquer custo

Herói? Nas suas bravas incursões pelas florestas vietnamitas, pelos gélidos desertos russos e pelas praias cariocas, Seagal não poupou balas, dedadas no olho e xingamentos à mãe enquanto combatia os capangas de seu arqui-inimigo. Calcula-se que, em cada filme estrelado por Seagal, mais de 20 mil capangas tenham morrido. 20 mil capangas que deixaram esposa e filho - não raras as vezes em que foram 2, 3 e até 8 filhos. 20 mil famílias que dependiam do salário de capanga do homem da casa. Homem esse que podemos não conhecer a história, mas que, indubitavelmente, batalhou muito na vida e só virou capanga por falta de oportunidades melhores. Culpa da elite opressora e da burguesia neoliberal que impera no mundo atual.

Você, que frequentou as aulas de matemática no ensino fundamental, já deve ter calculado: cada filme de Seagal teve um saldo aproximado de 100 mil vidas destruídas. Tudo isso por VINGANÇA.

E eu pergunto: cadê o perdão nessas horas? Cadê o amor ao próximo?

Encerro esse desabafo com uma frase do poeta Renato Russo:

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã."